Na semana da conscientização sobre o autismo, é importante relembrar o que, de fato, é o autismo e como combater as crenças errôneas e o preconceito contra autistas. Da mesma forma, é necessário abrir espaço para o debate de suas nuances e das necessidades que toda pessoa no espectro possui, tornando o mundo a seu redor acessível a ele e a todos.
O transtorno do espectro autista (TEA) engloba sinais clínicos que identificam pessoas que apresentam características que podem limitá-las do contato socioemocional padrão. Ao contrário do que pensam muitas pessoas, o autismo não é uma doença, mas sim um distúrbio de neurodesenvolvimento, marcado por déficits na comunicação e na interação, além de padrões de comportamentos repetitivos e outras manifestações diversas que podem ou não existir em cada indivíduo.
Devido a isso, há muitas especulações e crenças populares erradas sobre essa condição, o que dificulta a plena integração dos indivíduos no meio social. Atualmente, há mais de 70 milhões no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) e cerca de 1 em cada 36 crianças foi identificada com transtorno do espectro autista, de acordo com estimativas da Rede de Monitoramento de Deficiências de Autismo e Desenvolvimento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Já no Brasil, os estudos são escassos.
Abaixo listamos mitos sobre o autismo que devem ser desmistificados para que a sociedade possa ser um lugar seguro, empático e acessível para todos.
- Vacinas causam autismo
Informação falsa e muito propagada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há qualquer evidência científica que demonstre que vacinas podem ser a causa do TEA. Outro mito amplamente disseminado é o de que a exposição de crianças a telas pode causar autismo. As causas exatas da condição ainda estão sob análise, mas já são associadas a fatores ambientais, mudanças genéticas e anormalidades cromossômicas. - Autistas são insensíveis
Há pessoas no espectro autista que precisam se adaptar e aprender a expressar e identificar sentimentos de forma clara, mas é errado afirmar que autistas são insensíveis. Dentro do espectro há indivíduos com insensibilidade ou a hipersensibilidade relacionadas a questões físicas (como dor ou frio, por exemplo). - Todo autista é superdotado
É falsa a informação de que todo autista tem inteligência acima da média. Assim como podem existir autistas superdotados, há também pessoas no espectro com deficiência intelectual. É importante lembrar que o autismo é um espectro e que cada pessoa possui uma vivência particular com a condição. - Autismo só é diagnosticado na infância
Falso. É comum o autismo ser diagnosticado nos primeiros anos de vida – a partir dos 16 meses, pois há um acompanhamento do desenvolvimento da criança, no entanto há adultos que, caso se identiquem com sinais e características do espectro, podem e devem buscar ajuda especializada e conseguir um diagnóstico que os ajude. - Autismo tem cura
O autismo não é uma doença, portanto não tem cura. Como se trata de um transtorno do neurodesenvolvimento pode ser tratado com ajuda de terapias espefícas, acompanhamento de especialistas como psiquiatras, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros. - Todos os autistas são iguais
Autismo não tem cara e não há feições físicas capazes de identificar uma pessoa no espectro. Cada autista tem uma experiência, desafios e habilidades próprios, assim como níveis de suporte necessário para viver.
A importância de conscientizar
Quando a sociedade está consciente do que é o autismo e de como ele afeta as pessoas, isso pode levar a um maior respeito e aceitação daqueles que vivem com a condição. Em vez de serem discriminadas ou excluídas, as pessoas com autismo podem ser valorizadas por suas habilidades e talentos únicos. Isso pode ajudá-las a se sentir mais incluídas e integradas à sociedade em geral.
A conscientização também é importante porque pode ajudar a garantir que as pessoas com autismo tenham acesso aos serviços e recursos de que precisam. Isso pode incluir terapias específicas, medicamentos ou equipamentos adaptativos que possam ajudá-las a se comunicar e a interagir com o mundo ao seu redor. Quando as pessoas estão cientes do autismo e de suas necessidades, elas podem trabalhar para garantir que esses recursos estejam disponíveis e acessíveis a todos que precisam deles.
A conscientização da sociedade sobre o autismo é importante porque pode ajudar a reduzir os estigmas que o cercam. Quando as pessoas entendem que o autismo é uma parte natural da diversidade humana, elas podem se tornar menos propensas a julgar ou rotular as pessoas com autismo. Isso pode levar a uma sociedade mais inclusiva e empática, onde todos são valorizados pelo que eles são.
Por fim, o debate aberto sobre o autismo tem como objetivo garantir que autistas sejam respeitados, valorizados e apoiados. Quando a sociedade está ciente do autismo e de suas necessidades, ela pode trabalhar para garantir que todos tenham acesso aos serviços, terapias e recursos de que precisam para alcançar seu pleno potencial. E quando o estigma em torno do autismo é reduzido, todos se beneficiam de uma sociedade mais inclusiva e empática.